Os questionamentos sobre a existência, a alma e sistemas políticos em Afirma Pereira de Antonio Tabucchi
Os questionamentos sobre a existência, a alma e sistemas políticos em Afirma Pereira de Antonio Tabucchi
Antonio Tabucchi. Foto: Santi Cogolludo
1. Biografia do autor
Antonio Tabucchi (1943 - 2012) foi escritor italiano, professor de Língua e Literatura. Estudioso do poeta Fernando Pessoa, escreveu ensaios sobre Fernando e também introduzia o mesmo em suas obras, como por exemplo, o cita em Afirma Pereira diversas vezes. Desse modo, também traduzia obras do poeta. Ganhador de diversos prêmios, destacou-se como ficcionista e sem dúvidas é um autor influente na contemporaneidade.
2. Afirma Pereira
Primeiramente, é preciso elogiar o autor Antonio Tabucchi pela forma como ele introduz de modo cativante e minucioso o cotidiano, a vida, o espaço e o personagem principal em sua obra, sendo esse, um jornalista de meia idade, que por trinta anos foi repórter policial, um tanto reflexivo e intrigado com as questões da vida e da morte, chamado Pereira.
Pereira que a algum tempo já não tinha a companhia de sua querida esposa ao lado, mas que possui o habito de se comunicar com o quadro com uma foto da esposa sorridente. Ele questiona em diversos momentos a escolha de não ter filhos e da convivência diária com o salazarismo presente na bela Lisboa, em Portugal.
Afirma Pereira, ao longo dos primeiros parágrafos o quanto é intrigado pelas questões da morte, será que o mesmo gostaria de ressurgir em outra vida nas mesmas condições que vive esta? E você leitor, oque acha dessa possibilidade?
De fato, ao longo da obra ele ao ser cativado por uma amizade de um jovem chamado Monteiro Rossi - rapaz órfão, que se diz recém formado em Filosofia e escritor de uma tese sobre a morte - Pereira, ao ler um texto do mesmo, decide que seria interessante a cooperação do jovem na redação do espaço cultural do jornal onde trabalha , sendo esse chamado Lisboa. Na verdade, quem escreve boa parte dos textos é a Marta.
Logo, ele decide indicar ao jovem que crie necrológios de grandes nomes da literatura, mas a primeira empreitada do rapaz parece não lhe agradar muito, sua sinceridade poderia incomodar a juventude salazarista da cidade, algo que realmente não era bom para Pereira. Ele nem ao mesmo publicava seus textos com seu nome, seu orgulho não aceitava que o público soubesse que o diretor de cultura escrevia toda a página cultural.
Ao conversar de modo informal com seu amigo Silva em um restaurante de Coimbra, Pereira discute com o amigo as questões políticas de seu país, também, Alemanha, Itália e Espanha e afirma "[...] eu tenho de ser livre, disse Pereira, e informar as pessoas de modo correto." Desse modo, demonstrava uma preocupação com Estados autoritários e censura a opinião pública. Monteiro Rossi e sua companheira Marta pedem a ajuda de Pereira para auxiliar o primo de Rossi, da resistência, a permanecer na cidade, Pereira não muito contente e seguro com a proposta, do mesmo modo, decide ajudar os jovens.
Pereira desde o início da convivência com os jovens Monteiro Rossi e Marta sente-se conectado a eles, criando gestos de afeto. Ele auxilia o jovem diversas vezes com dinheiro e até mesmo auxílio em sua casa.
Pereira passa certo período da história em uma clínica talassoterápica, nela cria um vínculo de amizade com o Dr. Cardoso que lhe ensina sobre as teses de Freud e também de filósofos sobre a confederação das almas onde cita que " a que é denominada a norma, ou nosso ser, ou a normalidade, é apenas um resultado, e não uma premissa, e depende do controle de um eu hegemônico que se impôs na confederação das nossas almas; [...]" (TABUCCHI, 2020, p.93). Dessa forma, Dr. Cardoso afirma crer que o eu hegemônico de Pereira está buscando o controle da confederação de suas almas.
Pereira em diversas situações aparenta sofrer de arrependimentos e viver por lembranças do seu passado.
Pereira gosta de escrever sobre obras francesas do século XIX, mas o diretor do jornal por diversas vezes lhe indica que não é possível devido a censura.
A história toma um rumo diferente quando certo dia Monteiro Rossi pedi a ajuda de Pereira como hóspede de sua residência, Pereira aceita mas infelizmente homens que se dizem policiais políticos assassinam Monteiro na casa de Pereira.
Pereira triste pelo falecimento de seu amigo decide tomar posição e leva até a redação do jornal Lisboa o seu texto sobre o Assassinato de um jornalista onde relata o acontecido.
Sabendo das possíveis consequências e da censura imposta na cidade, decide fugir para outro país. Desse modo, ele decide o destino de sua vida.
3. Conclusão e possíveis reflexões
Quais as consequências de censura a liberdade de expressão da população? Quais os questionamentos que devemos fazer sobre nossa alma? E sobre a morte? Como seguir a vida após o luto? E nossa personalidade?
Essas questões citadas acima são abordadas no cotidiano de Afirma Pereira e desenvolvidas ao longo da história, fazendo com que o leitor queira entender o contexto político que Pereira vivia em Portugal.
4. Referências bibliográficas
TABUCCHI, Antonio. Afirma Pereira. São Paulo: Estação Liberdade, 2020.
Muito bom o teu texto, o teu trabalho.
ResponderExcluirInspirador.