ADORNO E HORKHEIMER: A INDÚSTRIA CULTURAL

 
ADORNO E HORKHEIMER: A INDÚSTRIA CULTURAL.


INTRODUÇÃO    
    
    O texto a seguir tem por objetivo apresentar a problemática dos livros Dialética do Esclarecimento (1947) de Adorno e Horkheimer e Eclipse da Razão (1947) também da autoria de Horkheimer, ambos os membros da Escola de Frankfurt. Sob a influência de Sigmund Freud (1856 – 1939), Max Weber (1864 – 1920), Kant (1724 – 1804) e Hegel (1770 – 1831), os pensadores da Filosofia Crítica abordaram elementos como dominação, mistificação das massas, produtos culturais e esferas de consumo.

1.1 Biografia dos filósofos 
    
    Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno (1903 – 1969) foi filósofo, musicólogo, sociólogo e compositor alemão e Max Horkheimer (1895 – 1973) foi filósofo e sociólogo alemão, sendo os dois, expoentes da escola de Frankfurt e da teoria crítica.
 
1.2 Sobre oque fala a obra Dialética do Esclarecimento?
 
    Pode-se afirmar que a teoria de Karl Marx (1818 – 1883) desenvolvida no século XIX foi uma das influencias no livro A Dialética do Esclarecimento de Adorno e Horkheimer,  os filósofos buscavam analisar de maneira crítica a realidade social e política, as relações de produção e poder no campo econômico, a busca de emancipação e os aspectos da transformação social e dominação.
    No inicio da obra é apresentado ao leitor o conceito de dominação da natureza interna do sujeito e externa, a instrumentalização do pensamento e da razão relacionada a fins práticos, alienação e o irracionalismo gerado pelo imediatismo da vida cotidiana das pessoas sob a influência da divisão burguesa de trabalho.
  Portanto, os filósofos conceituam o Esclarecimento como conceito histórico-filosófico, como processo em que os homens  desprendem-se da mitologia da natureza e também de emancipação intelectual, e definem que o mesmo age de modo totalitário e tem papel central na mistificação das massas. Desse modo, são feitas críticas aos sistemas liberais e capitalistas, ao consumo e ao uso excessivo da técnica. 
    Os filósofos refletem sobre os conteúdos dos produtos que segundo eles, é padronizado, idêntico e distribuído em série para a população, não são duradouras e são facilmente descartáveis. Logo, existe uma preocupação com os produtos que a sociedade está consumindo e as consequências que esses produtos geram na vida e no pensamento das pessoas.  Para eles, as pessoas sao controladas por meio do entretenimento e da utilidade, a dominação esta fazendo com que a arte perca sua importância para o consumismo e os juízos de valor são propagados pela publicidade ativa em contato com seus consumidores.
    Em uma realidade onde oque importa de fato são as mercadorias, a busca pelo conhecimento da essência das coisas e seus conteúdos foram substituídos pela utilidade. Desse modo, “A cultura converteu-se totalmente numa mercadoria, difundida como uma informação, sem penetrar nos indivíduos dela informados.” (ADORNO E HORKHEIMER, 1985, p. 162).
    Os comportamentos, a linguagem e a escolha dos indivíduos estão padronizados de acordo com a a atuação da indústria cultural, as pessoas não refletem sobre os produtos que estão consumindo. A população deixou de ser consciente sobre si mesma e sobre suas práticas. 

1.3 Eclipse da Razão de Horkheimer

    Na obra Eclipse da Razão (1947) de Horkheimer é possível compreender mais sobre a problemática da indústria cultural. Horkheimer também descreve nessa obra os problemas gerados pelo uso excessivo da razão na modernidade e a questão da emancipação do indivíduo. 
    O foco é relacionar o impasse do pensamento filosófico com a perspectiva em relação ao futuro e a investigação do conceito de racionalidade na era da cultura industrial. Ocorre o processo de desumanização e com a autoridade da ciência, a justiça, a igualdade, a tolerância e a felicidade perderam sua essência intelectual. No âmbito prático não existem mais fins, mas  apenas meios, os objetos perderam seu significado objetivo. A razão que já foi concebida para entender fins e determina-los, sendo formalizada e atuando de maneira conciliatória.  
    A política, a arte e a religião estão afastadas da verdade, a lógica não busca mais a verdade, ela está agindo pela probabilidade. As críticas são feitas a corrente positivista e ao pragmatismo. Ao analisar  a filosofia medieval e o iluminismo do século XVII, ele afirma que, nesses períodos, parou a investigação do conhecimento ético, moral e religioso. No século XVIII, a revelação perdeu sua influência sobre o pensamento das pessoas e a razão ganhou prestígio, na era das indústrias a razão age de modo instrumental. Portanto, a filosofia eclesiástica e a científica não fazem análises críticas da realidade em busca de sua transformação, mas apenas pretenderam dominá-la. A ciência também é vista de modo dogmático e cai no raciocínio circular ao recusar verificar seus princípios. Ao citar que, “O princípio da dominação tornou-se o ídolo ao qual tudo é sacrificado.”(HORKHEIMER, Max, 1947, p. 118). Horkheimer indica que é preciso um critério para a verdadeira natureza da ciência que irá evitar recair na mitologia. Em relação à indústria cultural, apesar da possibilidade de escolha, os consumidores jamais possuem vantagens, a expressão é utilizada pelos técnicos a serviço das operações e o filósofo comenta também sobre a sociedade não sentir-se em obrigação com outras criaturas e explorar a natureza e seus recursos como objeto. 

CONCLUSÃO

    Diante de tudo que foi exposto, é necessário pensar de maneira crítica sobre a realidade social, é preciso refletir sobre o peso das mercadorias e do consumo na vida da população. Numa época onde a sociedade é influenciada pelas mídias de comunicação e entretenimento, os indivíduos precisam estar atentos aos produtos que consomem e seu impacto na consciência, na natureza e nas relações das pessoas. É necessário usufruir da própria autonomia intelectual, questionar os produtos massificados e analisar de que modo as relações de poder envolvendo as mercadorias refletem nas classes sociais, e, desse modo, exercer sua liberdade intelectual para analisar tais problemas.

REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor. HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
HORKHEIMER, Max. Eclipse da Razão. 1 ed. São Paulo: Unesp, 2015.

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